sexta-feira, 31 de março de 2017

As atividades económicas do concelho de Almada na obra de Romeu Correia

Durante a sessão com a professora Edite Condeixa
Na quinta-feira (30/03/2017) passada, a professora aposentada Edite Condeixa veio à nossa escola dar-nos a conhecer um pouco da vida e obra do escritor e dramaturgo Romeu Correia.
Com a ajuda de um powerpoint falou-nos sobre a descrição do quotidiano das gentes trabalhadores da Almada de então nas obras de Romeu Correia.

O cais do Ginjal
Fragata em frente ao cais do Ginjal
Embarque de vinho em barris em frente dos
Armazéns Teotónio Pereira (Ginjal)
Tanoaria
Indústria da cortiça
Trabalhadora na fábrica de rolhas
Construções navais
La Paloma: fábrica de conservas

A partir de 1816 começaram a instalar-se ao longo da frente ribeirinha (Ginjal) alguns armazéns, principalmente de vinhos, e oficinas ou fábricas, nomeadamente de tanoaria, têxteis, cortiça, construção naval, destilaria e conservas.
Nos anos sessenta os armazéns de vinho, as fábricas de peixe, o grémio do bacalhau, as oficinas de tanoaria, e claro, os restaurantes, além de darem vida ao Ginjal davam emprego a muita gente.

Instalações da Companhia Portuguesa de Pescas
O cais da ‘Companhia Portuguesa de Pesca’ foi aumentado durante a década de cinquenta, época de maior produtividade da Companhia, de modo a facilitar a descarga do carvão mineral para os navios a vapor. Foram também construídos o refeitório e o vestiário. Neste período, a ‘Companhia Portuguesa de Pesca’ chegou a possuir 25 navios, posteriormente transformados com motor, e 700 trabalhadores numa área total de 42 mil m2. Na década de setenta foi ainda construída uma oficina de electrónica e de niquelagem.

Fábrica de Moagem do Caramujo
Ao entrar na zona do Caramujo deparamo-nos com a desativada Fábrica de Farinhas Aliança. Trata-se da antiga Fábrica de Moagem do Caramujo, construída em 1872, primeiro edifício em Portugal a utilizar o betão armado.
Esta moagem, em 1881 estava equipada com 18 pares de mós, sendo considerada a maior fábrica nacional deste sector de atividade industrial. 
A derradeira grande fase de obras no conjunto ocorreu em 1960, quando uma parte do esquema construtivo de 1898 foi sacrificado em benefício de uma modernização, cujo principal elemento foi a inclusão de silos cilíndricos adossados ao edifício. 

Os silos cilíndricos
Trapo azul (romance)
No seu livro Trapo azul, Romeu Correia descreve-nos a vida das costureiras e suas mestras que se empenhavam a costurar os fatos-macaco para os operários das fábricas.

Casas de pescadores na Costa de Caparica
A Costa de Caparica era originalmente um aglomerado de pescadores, que no ano de 1770 se estabeleceram vindos de Ílhavo e, mais tarde, do Algarve. As suas habitações não passavam de pequenas cabanas de colmo dispostas no areal, onde os pescadores se abrigavam durante o Verão, queimando-as no fim da campanha e regressando às suas origens.

O meia-lua fazendo-se ao mar para mais uma faina

Comemoração do centenário do nascimento de Romeu Correia

Casa onde nasceu Romeu Correia (Rua Elias Garcia, Cacilhas).
Romeu Correia (Cacilhas,1917 - Almada,1996) iniciou a sua vida profissional como bancário, mas desde muito cedo sentiu uma apetência pelas artes e o desporto.

Romeu Correia
Desportista, escritor e dramaturgo (ligado ao Neorealismo), autor de obras como Trapo Azul (1948), Calamento (1950), Bonecos de Luz (1961) ou o Vagabundo das Mãos de Oiro (1960), Romeu Correia dedicou quase toda a sua obra romanesca e dramatúrgica a Almada e às suas gentes, descrevendo as várias atividades profissionais, as suas vidas e o seu quotidiano de labuta.


Assinatura de Romeu Correia
A infância de Romeu Correia, passada no Ginjal, é muito bem retratada no seu romance autobiográfico, Cais do Ginjal. Numa das páginas deste livro Romeu fala da sua entrada na escola primária…

Largo de Cacilhas
[...] «A escola escolhida pela avó Josefina para me iniciar nas primeiras letras fora a que ficava mais perto do Ginjal. Situava-se no largo de Cacilhas, em frente da Igreja da Senhora do Bom Sucesso. A professora era conhecida por uma alcunha terrível, que se repetia baixinho, e por entre sorrisos. Não sei se diga…? Mas digo: Sete Cus. Nem mais nem menos: Sete Cus. Estas duas palavrinhas obscureciam por completo a sua graça de baptismo: Henriqueta, dona Henriqueta.» [...]

Material escolar da época e a menina dos cinco olhos (a palmatória)
…e do cais do Ginjal [...] «Aquele cais onde morávamos, essa muralha com uma longa correnteza de prédios, dera ensejo a curiosa adivinha que se perguntava ao serão:
- Porque se parece o cais do Ginjal com um colete?
E a resposta provocava risos:
- Porque tem casas só dum lado.» [...]

Cais do Ginjal.
As suas obras, marcadas por uma forte ligação às fontes da literatura oral popular, decorrem frequentemente em ambientes como os do circo, das feiras, do teatro de fantoches ou outros grupos marginais à sociedade.

Romeu e a mulher Almerinda
Paralelamente à carreira literária, Romeu Correia foi atleta de competição em atletismo e campeão de boxe amador. Casou com Almerinda Correia, uma futura campeã nacional de Atletismo, da qual foi treinador.

Almerinda e o seu treinador e marido.
Romeu Correia orgulhava-se de, contrariamente aos hábitos puritanos da sociedade de então, ter sido o primeiro a incentivar a sua mulher a praticar desporto. É que uma senhora, naquela época, não usava calções em público!!!...
A Companhia de Teatro de Almada, associando-se às comemorações do centenário do nascimento de Romeu Correia, leva ao palco Bonecos de luz (Fórum Municipal).

Bonecos de luz no Fórum Municipal Romeu Correia
Então? Não sentes curiosidade em espreitar esta peça?! 
Bom, aqui fica esta sugestão para poderes conhecer melhor a obra deste escritor. 
Ou então, por que não leres algumas das suas obras que estão disponíveis na biblioteca da tua escola?

Alguma da bibliografia disponível.
Aqui está documentada uma das várias visitas
 que Romeu Correia fez à nossa escola

Observação de aves no espaço da EBSAA

Na quarta-feira passada (29 de abril), veio à nossa escola o Dr. Mário Estevéns da Câmara Municipal de Almada para fazer uma sessão sobre observação de aves. O convite tinha sido feito durante uma ação sobre o mesmo tema que decorreu no Parque da Paz. Imediatamente aceite, foi agora concretizado. Nele participaram os meninos do professor Jaime (5º A e B).

Ouvindo as explicações do professor Mário
E, assim, decorreu a nossa sessão:
- primeiro, em sala de aula, ouvimos instruções sobre como deveria ser o nosso comportamento no terreno. Como se comportam as aves (fugidias, desconcertantes com os seus voos saltitantes…). Distinguir aves de pássaros. Aprender a interpretar o seu canto e os seus sinais de alarme. Experimentámos visualizar objetos através da janelas com os binóculos (que contentamento o dos meninos em poder utilizá-los!!!...). E, finalmente, como consultar o pequeno livro sobre as aves (O meu guia de aves do Parque da Paz Almada, publicação da C.M.A.).

Experimentando os binóculos
- cada menino teve direito a um exemplar do guia (oferta) e a um par de binóculos (empréstimo). Este seria o material necessário para fazer uma observação de aves com sucesso.

Guia de aves da C.M.A.
- por último, fomos, então, para o terreno observar as aves. Vimos e ouvimos, entre outros: gaivotas, pombos, rolas, melros, toutinegras, chapins, verdilhões.

Guia de aves da C.M.A.

Chapim azul
Melro
Toutinegra-dos-valados

Observação de uma rola

Ouvindo e interpretando os cantos das aves

Um observador solitário...
Para a próxima, seremos, de certeza, capazes de fazer muitos mais avistamentos. Tudo é uma questão de prática!!!...
Obrigada professor Mário! Ficamos à espera de mais oportunidades para conhecer melhor as aves de forma a podermos cuidar melhor do ambiente. Contamos convosco!

quinta-feira, 30 de março de 2017

Páscoa: antigas tradições

Amêndoas
Em Portugal uma das tradições mais antigas é dar amêndoas. Estas estão ligadas à troca de lembranças entre o padrinho ou madrinha com o seu afilhado. Antigamente dava-se o folar da Páscoa, sendo que essa tradição tem vindo a ser trocada por outras prendas, sendo a oferta de amêndoas a principal.
As amêndoas são também trocadas com outros membros e amigos da família. Na mesa do dia da Páscoa esta guloseima está sempre presente. Porém, há ainda outro significado da amêndoa durante a Páscoa, o simbolizar dos ovos da Páscoa, que por sua vez significa nascimento e vida, logo estará associado à Ressurreição de Jesus Cristo.
Os católicos praticantes acreditam que a amêndoa possa simbolizar Jesus Cristo. Isto porque Jesus Cristo tem uma natureza divina escondida por detrás da sua natureza humana, o mesmo acontece com a amêndoa (tem o interior e a cobertura).

A variedade de amêndoas é enorme
Alimentos
Na Quaresma, no tempo antes da Páscoa, é altura de jejum: evita-se comer carne às sextas-feiras, por respeito a Jesus Cristo que foi crucificado numa sexta-feira. Mas o domingo de Páscoa já é dia de festa e ressurreição, voltando-se a comer carne como cabrito ou borrego, à imagem dos tempos antigos.

Cabrito assado

Vitela assada com arroz de forno
Pão-de-ló seco
Pão-de-ló molhadinho
Creme queimado

Outras tradições
Na Páscoa as casas são limpas para receber a visita pascal, o Compasso, que simboliza a entrada de Jesus Cristo no lar, com a bênção do padre que benze a casa e todos os que ali habitam. As pessoas da família, amigos e vizinhos reúnem-se e ajoelham-se na sala principal, onde o padre lhes dá a cruz a beijar. No fim, todos se sentam à mesa que costuma ter amêndoas, doces da Páscoa, licores e vinho do Porto para oferecer aos membros do Compasso.

Mesa pascal com a família, amigos e vizinhos e Compasso

Porém, em muitos lugares do mundo a Páscoa é igualmente celebrada. Ora espreita aqui para ficares a conhecer outras tradições pascais.



Páscoa: tradições

Agora que a Páscoa se aproxima, é altura de aprendermos as origens de algumas das suas lendas e tradições:

O folar
A lenda do Folar da Páscoa é tão antiga que se desconhece a sua data de origem. Conta a lenda que, numa aldeia portuguesa, vivia uma jovem chamada Mariana que tinha como único desejo na vida o de casar cedo.

A preparação da massa
Tanto rezou a Santa Catarina que a sua vontade se realizou e logo lhe surgiram dois pretendentes: um fidalgo rico e um lavrador pobre, ambos jovens e belos. A jovem voltou a pedir ajuda a Santa Catarina para fazer a escolha certa. Enquanto estava concentrada na sua oração, bateu à porta Amaro, o lavrador pobre, a pedir-lhe uma resposta e marcando-lhe como data limite o Domingo de Ramos. Passado pouco tempo, naquele mesmo dia, apareceu o fidalgo a pedir-lhe também uma decisão. Mariana não sabia o que fazer. Chegado o Domingo de Ramos, uma vizinha foi muito aflita avisar Mariana que o fidalgo e o lavrador se tinham encontrado a caminho da sua casa e que, naquele momento, travavam uma luta de morte.

O folar pronto para ir ao forno

Mariana correu até ao lugar onde os dois se defrontavam e foi então que, depois de pedir ajuda a Santa Catarina, Mariana escolheu Amaro, o lavrador pobre. Na véspera do Domingo de Páscoa, Mariana andava atormentada, porque lhe tinham dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar Amaro. Mariana rezou a Santa Catarina e a imagem da Santa, ao que parece, sorriu-lhe. No dia seguinte, Mariana foi pôr flores no altar da Santa e, quando chegou a casa, verificou que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros, rodeado de flores, as mesmas que Mariana tinha posto no altar.

Os folares a sair de um forno de lenha
Correu para casa de Amaro, mas encontrou-o no caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante. Pensando ter sido ideia do fidalgo, dirigiram-se a sua casa para lhe agradecer, mas este também tinha recebido o mesmo tipo de bolo. Mariana ficou convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina. 

Aqui estão eles prontos a serem saboreados
Em Chaves o folar não leva ovos, mas sim fumeiro. Ora vê:

Colocação do recheio do folar de Chaves
Aqui está, depois de pronto, o folar de Chaves


Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o tempo, a ficar conhecido como folar e tornou-se numa tradição que celebra a amizade e a reconciliação. Durante as festividades cristãs da Páscoa, o afilhado costuma levar, no Domingo de Ramos, um ramo de violetas à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferece-lhe em retribuição um folar.

O ovo, o coelho e a mulher
Em várias culturas antigas espalhadas no Mediterrâneo, no Leste Europeu e no Oriente, havia por hábito dar de presente ovos (símbolo da fertilidade), com a chegada da Primavera, para que a estação fosse fértil e abundante. Nesse altura, muitos desses povos realizavam rituais de adoração a Ostera ou Eostre, a deusa da Primavera. Os ovos eram pintados com símbolos mágicos ou de ouro, eram enterrados ou lançados ao fogo como oferta aos deuses.

A deusa-mãe Eostre
Há representações desta deusa pagã como uma mulher que observa um coelho saltitante enquanto segura um ovo nas mãos. Há a conjunção de três símbolos (a mulher, o ovo e o coelho) que reforçam o ideal de fertilidade comemorado entre os pagãos. 

Outra representação da deusa da primavera
A entrada destes símbolos para o conjunto de festividades cristãs aconteceu com a organização do Concilio de Niceia, em 325 d.C.. Neste período, os clérigos tinham a expressa preocupação de ampliar o seu número de fiéis por meio da adaptação de algumas antigas tradições e símbolos religiosos a outros eventos relacionados ao ideal cristão. A partir de então, começaram a pintar vários ovos com imagens de Jesus Cristo e sua mãe, Maria.

Ovo com símbolos mágicos
Os nobres e reis de condição mais abastada costumavam comemorar a Páscoa presenteando os seus com o uso de ovos feitos de ouro e cravejados de pedras preciosas. 
A nobreza russa tinha a tradição dos ovos imperiais Fabergé como presentes de Páscoa. Aqui ficam alguns exemplos:

Um ovo Fabergé
Outro exemplo de ovo Fabergé
Outra jóia preciosa
Até que chegássemos ao famoso ovo de chocolate, foi necessário o desenvolvimento da culinária e, antes disso, a descoberta do continente americano (cacau). Finalmente os franceses tiveram a ideia de fabricar os primeiros ovos de chocolate da História.
BOA PÁSCOA para ti com ovos de chocolate q.b.!!!....

Igualmente belos estes os ovos de chocolate,
mas certamente deliciosos!....